Aos quatro anos aprendi a ler com os gibis, que eram terminantemente proibidos e acusados injustamente de criar uma tendência à preguiça mental, já que baseavam-se em figuras e pouca coisa havia para ler.
As freiras os olhavam com um misto de desprezo e desaprovação, eram condenados e recolhidos sumariamente. Imagino hoje o que diriam elas ao ver nossos jovens escrevendo em miguxês no msn, o que pensariam elas ao perceber que muitos deles nunca abriram um livro e a primeira coisa que lhes ocorreria ao serem solenemente apresentados a um de nossos amigos de papel seria jogá-los a um canto.
Décadas se passaram e tenho a certeza de que os gibis, tantas vezes acusados injustamente por nossa preguiça de raciocínio, seriam agora eleitos amigos do peiro, mais ainda que os sutiãs.
Aqueles gibis que foram aprisionados em gavetas longe de nossas vistas seriam agora endeusados e servidos à mesa de leitura como se fossem pratos finos para o mais refinado paladar. Seriam agora revestidos de elogios e engrandecidos em seu potencial.
Mas os adolescentes de agora tem um paladar diferente, não querem chegar perto de um livro, exceto aqueles que constam das listas dos vestibulares que querem prestar! Os livros agora, longe de serem vistos como difusores de cultura, são apenas um degrau a mais para conseguirem o que querem e se leem o fazem apenas por pura obrigação.
Zailda Coirano
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