Da primeira à quarta séries nossa educação era diligente e cuidadosamente ministrada pelas próprias freiras, que aproveitavam para inserir ensinamentos religiosos em tudo quanto podiam, apesar de algumas de nós nem serem católicas e terem anotado pelos pais em suas cadernetas que não queriam que recebessem educação católica.
Isso era desconsiderado pelas freiras, que inseriam religião sempre que fosse possível e tratavam de eliminar qualquer coisa, mesmo fato científico, que não estivesse de acordo com os ensinamentos da Santa Igreja Católica. Anos mais tarde quando fui estudar em escola estadual, percebi que muita informação me havia sido subtraída por ser considerada subversiva talvez.
Qualquer ensinamento que fosse capaz de nos suscitar pensamentos e reflexões que nos levassem a questionar dogmas, preceitos ou normas da Igreja Católica era simplesmente banido e não tínhamos acesso a ele.
Livros contendo material impróprio (segundo o julgamento delas lá) eram meramente proibidos. Assim livros que são belos representantes da literatura brasileira e portuguesa que hoje são exigidos até para quem vai fazer vestibular, naquela época eram inacessíveis para nós. Quem fosse ao menos suspeito de ter lido, ter recomendado ou mesmo tido um exemplar dos livros banidos nas mãos era severamente punido.
Quando mais tarde fui saber do AI-5 e da censura, a princípio me pareceram coisas naturais, já que fui educada numa instituição que não se dava ao trabalho de rebater críticas, simplesmente as eliminava como impróprias.
Tive problemas na adolescência para escolher meus caminhos e decidir o que era ou não benéfico para mim, acredito que por essa mesma razão. Acostumada a ter um séquito de freiras para decidir por mim, ao sair do colégio e descobrir que dali pra frente eu é que teria que decidir, meu primeiro momento foi de total desorientação.
Da quinta série em diante ainda prosseguiam várias freiras como professoras, mas algumas matérias contavam com pessoas "normais" dando aulas, se bem que sob estrita vigilância das freiras. Ao primeiro sinal de má influência ou desvios da matéria da aula eram sumariamente despedidos e substituídos por outros mais confiáveis.
Nosso contato com o mundo adulto real era portanto bastante restrito, algumas de nós completavam os estudos e entravam para uma faculdade sem saber como se faziam bebês, por exemplo. Imagino que tornavam-se alvo de chacota nas escolas para onde iam. Quando mudei de escola, percebendo o ambiente estranho tratei de ficar de boca fechada e dessa forma consegui passar despercebida, mas outras colegas de infortúnio não tiveram a mesma sorte.
Devido às suas línguas grandes logo deixaram transparecer quem eram e o tamanho de sua ignorância nas "coisas da vida" e suas vidas foram bastante dificultadas e atormentadas pelos colegas de classe. Apesar de ser considerada como boba por algumas freiras e como cínica por outras, de boba e cínica eu nunca tive nada, portanto saí-me muito bem em minha primeira incursão pelo mundo "normal". Tão bem que logo de cara arrumei um namorado, comecei a matar aulas e levei uma bomba. Mas aí eu já estava livre do Colégio.
Isso era desconsiderado pelas freiras, que inseriam religião sempre que fosse possível e tratavam de eliminar qualquer coisa, mesmo fato científico, que não estivesse de acordo com os ensinamentos da Santa Igreja Católica. Anos mais tarde quando fui estudar em escola estadual, percebi que muita informação me havia sido subtraída por ser considerada subversiva talvez.
Qualquer ensinamento que fosse capaz de nos suscitar pensamentos e reflexões que nos levassem a questionar dogmas, preceitos ou normas da Igreja Católica era simplesmente banido e não tínhamos acesso a ele.
Livros contendo material impróprio (segundo o julgamento delas lá) eram meramente proibidos. Assim livros que são belos representantes da literatura brasileira e portuguesa que hoje são exigidos até para quem vai fazer vestibular, naquela época eram inacessíveis para nós. Quem fosse ao menos suspeito de ter lido, ter recomendado ou mesmo tido um exemplar dos livros banidos nas mãos era severamente punido.
Quando mais tarde fui saber do AI-5 e da censura, a princípio me pareceram coisas naturais, já que fui educada numa instituição que não se dava ao trabalho de rebater críticas, simplesmente as eliminava como impróprias.
Tive problemas na adolescência para escolher meus caminhos e decidir o que era ou não benéfico para mim, acredito que por essa mesma razão. Acostumada a ter um séquito de freiras para decidir por mim, ao sair do colégio e descobrir que dali pra frente eu é que teria que decidir, meu primeiro momento foi de total desorientação.
Da quinta série em diante ainda prosseguiam várias freiras como professoras, mas algumas matérias contavam com pessoas "normais" dando aulas, se bem que sob estrita vigilância das freiras. Ao primeiro sinal de má influência ou desvios da matéria da aula eram sumariamente despedidos e substituídos por outros mais confiáveis.
Nosso contato com o mundo adulto real era portanto bastante restrito, algumas de nós completavam os estudos e entravam para uma faculdade sem saber como se faziam bebês, por exemplo. Imagino que tornavam-se alvo de chacota nas escolas para onde iam. Quando mudei de escola, percebendo o ambiente estranho tratei de ficar de boca fechada e dessa forma consegui passar despercebida, mas outras colegas de infortúnio não tiveram a mesma sorte.
Devido às suas línguas grandes logo deixaram transparecer quem eram e o tamanho de sua ignorância nas "coisas da vida" e suas vidas foram bastante dificultadas e atormentadas pelos colegas de classe. Apesar de ser considerada como boba por algumas freiras e como cínica por outras, de boba e cínica eu nunca tive nada, portanto saí-me muito bem em minha primeira incursão pelo mundo "normal". Tão bem que logo de cara arrumei um namorado, comecei a matar aulas e levei uma bomba. Mas aí eu já estava livre do Colégio.
Você se deu bem!!!(Risos)
ResponderExcluirEntrei no Maternal e sai já formada do Magistério.
Foram anos lidando com essa educação louca religiosa.
Sou gêmea com um menino e quando terminamos o Ginásio,meu irmão não mais estudou comigo.Afinal,ele era homem e eu não!(Risos)
Lembro que senti muita falta dele,pois estudávamos sempre na mesma sala.Ele era um aluno exemplar e eu uma aluna bagunceira.Quando dava...roubava uma colinhas dele.(Risos)
Amando estar aqui!!!
Snifff...!!!É hoje que não durmo!
Bjsss...
Eu só saí do colégio por uma traquinagem: falsifiquei a assinatura de minha tia na ficha de transferência, quando ela descobriu eu já tinha até tomado bomba em outra escola.
ResponderExcluirMas isso já é outra história...
Teu texto desenrola naturalmente. É líquido, eu diria. Muito bom. Desculpe comentar somente o estilo, não o conteúdo, mas sempre que falo sobre qualquer maldita religião me incomodo. Então, ...
ResponderExcluirTudo bem, eu também tive problemas com religiões por algum tempo. Hoje é um tema como outro qualquer.
ResponderExcluirApareça sempre!